top of page

Histórico

     Maria Giselda Villela nasceu em uma família católica de Maria da Fé, MG, em 08/07/1909. De caráter vivo, colérico e de forte vontade, mas dotada de um grande coração, era a alegria da família. Em 1914, aproximadamente, levou um tombo e coice de um cavalo, na virilha da perna esquerda. A ferida transformar-se-á em um tumor maligno, do qual sofrerá a vida toda, até a morte.
    Cursou o Magistério em Itajubá, MG. Neste tempo, seus pais fixaram residência em Pouso Alegre, MG. Sente em si o chamado de Deus para a vida consagrada e, malgrado sua frágil saúde, é admitida no Carmelo de Sta. Teresinha do Menino Jesus, em Campinas, SP, em 29/11/1930.

     Em 12/04/1931, recebeu o Hábito de Carmelita Descalça, passando a se chamar Irmã Maria Imaculada da Santíssima Trindade. Um ano depois, faz sua Profissão de Votos Temporários aos 13-04-1932 e, e três anos depois, sua Profissão Solene em 13/04/1935.
       Em 05/08/1936, foi eleita Sub-priora no Carmelo de Campinas, permanecendo no cargo até outubro de 1943, quando saiu para a fundação de um novo Carmelo, em Pouso Alegre, a pedido de D. Delfim Ribeiro Guedes, seu conterrâneo e amigo de infância, acompanhada de mais três Irmãs, também do Carmelo de Campinas. Desde o início, é nomeada Priora, cargo que exercerá, com algumas interrupções, por 42 anos.
    Diante das dificuldades próprias de um início de fundação, as três Irmãs, uma a uma, retornam para o Carmelo de Campinas, de forma que Mãezinha fica sozinha, como Professa, com um grupo de alegres e fervorosas noviças. Embora isto lhe tenha sido grande sofrimento, enfrenta a situação com serenidade, confiança em Deus e senso sobrenatural, pois dizia: “É um mistério, e só procurando ver a vontade de Deus, fazendo-nos participantes do precioso tesouro e selo da Cruz, que Ele costuma dar aos seus escolhidos, já que Ele se mostra tão liberal com o pobre Carmelo da Sagrada Família”, que tinha então, apenas 4 anos de existência.
       A casa provisória torna-se perigosa, pois o prédio era muito antigo e seu telhado ameaça desabar, forçando as Irmãs a se instalarem no porão do prédio. Vendo a urgência do Carmelo definitivo, embora sem meios suficientes, decide enfrentar a construção, contando com a ajuda da Providência divina, que nunca a abandonou, e colocou em seu caminho excelentes e abnegadas  pessoas que, como ela afirmava, fizeram pelas Irmãs o que nem a própria família de sangue o faria.
    A construção iniciou-se em 1954, e três anos depois, as Irmãs transladaram-se para o Carmelo definitivo, onde só o essencial estava pronto. Aos poucos, sempre contando com o auxílio de Deus, dos benfeitores, e dos trabalhos das Irmãs, foram feitos a Capela, a Sacristia, os muros, a casa das Irmãs Externas, a frente do Carmelo, o quintal, Cemitério e por fim, a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, em 1984. Com pequenas interrupções, foram 30 anos de labor administrativo, procurando sempre comprar o material bom, durável e com os melhores preços. Para tal, não hesitou em entrar em contato, através de cartas, com grandes Indústrias, como a CSN, Cimento Itaú, etc, e fazer grandes compras, mesmo que para isto necessitasse de fazer empréstimos. No entanto, sempre conseguia saldar as dívidas dentro do prazo.
      Tanta atividade, no entanto, não a fazia descurar da vida contemplativa de seu Carmelo. As Irmãs trabalhavam muito, sim, mas o carisma teresiano era vivido com todo o fervor e alegria. Tinha um profundo amor por Jesus na Eucaristia, e para Ele e sua Capela, sempre procurou o melhor. Apesar de toda a limitação que o problema de saúde, com a perna inchada, lhe causava, era exemplar na pontualidade e na observância regular.
     Vivendo na fase de transição do Concílio Vaticano II, era, como Santa Madre Teresa, “filha da Igreja”, e a ela obedecia prontamente. Com afinco estudou as Constituições e a história da Reforma do Carmelo feminino, juntamente com as Irmãs, a fim de responder aos questionários enviados pela Ordem, por ocasião da atualização de nossas Constituições e, embora lhe custasse, por sua perna sempre inchada e as constantes crises de erisipela, participou, com entusiasmo, dos Encontros promovidos pelo Padre Geral.
       Tomava todas as suas decisões com senso sobrenatural, apoiada na oração, sem respeito humano, com grande retidão e amor pelas pessoas. Velava pelas necessidades de cada Irmã. Todas encontravam nela acolhida e conselho certo. Procurava sempre poupar as Irmãs de preocupações, e no que podia, carregava muitos sofrimentos em silêncio.
Inúmeras pessoas vinham ao locutório, ou correspondiam com ela, pedindo orientação e orações. Daí seu enorme epistolário, que já conta com mais de 1400 cartas recolhidas. Na homilia de sua Missa de Corpo Presente, D. José d’Ângelo Neto, que sempre lhe foi um pai e pastor seguro, afirmava que, provavelmente, ninguém conhecia a vida íntima das ovelhas de sua Arquidiocese como Madre Maria Imaculada.
     Um ano e meio antes de seu falecimento, oferece a Jesus um grande presente e sacrifício: nove de suas filhas vão para longe, para Campos dos Goytacazes, RJ, fundar o Carmelo S. José, a pedido de D. Carlos Alberto Navarro. Preparou tudo para a fundação com o maior carinho e esmero, cuidando dos mínimos detalhes, materiais e espirituais, e reunindo-se com as futuras fundadoras para orientá-las.
Sua saúde, sempre frágil, torna-se cada vez mais abalada, e na manhã de 20/01/1988, parte para o Pai, lúcida e em grande sofrimento, mas com os olhos fixos numa imagem do Sagrado Coração de Jesus. Causa da morte: câncer de mama metastático.
    Logo depois da decisão do Capítulo Conventual, de pedir a introdução da Causa de Canonização de Madre Maria Imaculada, Ir. Teresa Margarida, do Carmelo de Cotia, com disponibilidade e abnegação, vem trabalhar no Processo; Frei Patrício Sciadini, OCD, que muito conheceu Mãezinha, é nomeado Vice-Postulador, e em 12/01/2006, faz entrega oficial a Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho, O.Praem, Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre, do pedido da Introdução da Causa de Canonização. Em 16/02/2006, a Ordem dos Carmelitas Descalços assume a Introdução da Causa de Canonização, através do Padre Geral da Ordem, Frei Luís Aróstegui Gamboa, e do Postulador Geral, Frei Idelfonso Moriones. Em 11/07/2006, a Congregação para a Causa dos Santos expede o "Nihil Obstat", declarando não haver impedimento à introdução da Causa de Canonização da Serva de Deus. Desta forma, em 30/09/2006 ocorre a Sessão de Abertura do Processo de Canonização; em 12/04/2007, a exumação da serva de Deus e três dias depois, a sua inumação, sendo sepultada na Capela Mortuária, acessível, não só às Monjas Carmelitas, pela clausura, mas também aos seus devotos, pelo exterior, para que possam rezar junto ao túmulo contendo seus veneráveis despojos.
       A prova testemunhal do Processo está quase terminada, e trabalha-se com afinco na prova documental, extensa e rica.

 

     Que Mãezinha interceda por nós, para que, sendo como ela, pobre – sabendo que nada podemos por nós mesmos –

e fazendo-nos servos de Deus através do humilde serviço prestado a nossos irmãos,

possamos ser sal da terra e luz do mundo!

bottom of page